Sérgio Bronze
Instituto Aleister Crowley
Aleister Crowley
O Maior Mago do Século XX
(publicado na “Folha de Goiás”, Goiânia, 28 de Dezembro de 1982 e.v.)
por
Frateres S. & T.
Loja Baphometus - O.T.O. - Ordem de Thelema
para o amado
Frater A. 4°=7 A:.A:.
(Grupos de Estudos Sebek Hept, Ísis-Seth & beni-Sheth)
No ano de 1904 da era vulgar foi ditado a Aleister Crowley o texto, em três capítulos, do Liber AL por Aiwass, um Ente cuja natureza ele não compreende por completo, mas que se descreveu a Si Mesmo como ‘o ministro de Hoor-par-kraat’ (o Senhor do Silêncio). O livro anuncia uma Nova Lei para a humanidade. Substitui as sanções morais e religiosas do passado que em toda a parte se deterioraram, por um princípio válido para cada homem e mulher no mundo inteiro, e evidente por si mesmo.
* * *
Aleister Crowley nasceu a 12 de outubro de 1875 e.v., às 22h50’, filho de Edward Crowley, Irmão Exclusivo da Irmandade Plymouth (evangelistas extremistas), e de Emily Bertha, nascida Bishop. De família aristocrática, foi educado por outra seita de evangelistas extremistas, Herbershon. Aos quatro anos lia a Bíblia em voz alta, demonstrando predileção pelas listas de longos nomes, única parte da Bíblia não deturpada pelos teólogos.
Foi enxadrista desde criança, só abandonando o jogo quando já sabia tudo sobre ele e derrotava qualquer mestre. Tinha memória infalível na escola. Sabia a localização de qualquer versículo na Bíblia. Aprendeu com facilidade latim, grego antigo, matemática e ciência. Mas tinha repugnância (e nunca se convenceu a estudar) por história, geografia e botânica, assim como nunca escreveu versos latinos ou gregos.
Recusou-se a fazer a segunda parte do exame final do diploma de Bacharel em Artes, porque sabia que tinha domínio absoluto da matéria. Parecia incrível a alpinistas que excursionavam com ele que tal completo preguiçoso pudesse ser o mais ousado e mais destro montanhista da sua geração, como demonstrava ser quando o precipício fosse um que ninguém mais tivesse conseguido escalar antes. Uma vez que tivesse elaborado teoricamente um método de escalar uma montanha, estava perfeitamente disposto a confiar a outros o segredo, e a deixar que eles se apropriassem da glória.
Tinha uma ambição pessoal consumidora e insaciável. Perdeu o interesse pelo xadrez logo que se provou, aos 22 anos, mestre do jogo. Trocou a poesia pela pintura logo que tornou evidente ser o maior poeta do seu tempo. Mesmo em Magia, tendo se tornado a Palavra do Aeon, e assim assumido seu lugar com os Sete Magi conhecidos pela história, começou a negligenciar o assunto. Só é capaz de se devotar à Magia como faz por haver eliminado toda idéia pessoal de sua Obra; ela se tornou tão automática quanto a respiração.
Memória fantástica, incrível disposição para exercícios físicos, e ao mesmo tempo incapacidade de uma pequena caminhada se não lhe interessa ou não excita sua imaginação. Ficou famoso em muitas e diversas esferas de ação e ao mesmo tempo grotescamente incapaz de utilizar suas faculdades em qualquer campo de atividade humana; incapaz de consolidar sua proeminência pessoal, ou mesmo de assegurar sua posição do ponto de vista social e econômico.
A fama de um embaixador não dura mais que um século. A de um poeta é quase tão efêmera. A terra mesma um dia vai perecer. Crowley tinha que construir usando material mais permanente. Dedicou-se ao estudo da Magia. Adotou o nome de Frater Perdurabo - “Perdurarei até o fim”.
Em 1900 estava no México, fazendo magia com sucesso. Nesta época conheceu Oscar Eckstein, colega de alpinismo, que a princípio não queria nem ouvir falar em Ocultismo, depois revelou-se um mensageiro da Grande Irmandade Branca.
“Tua mente divaga demais”, disse Eckstein. E ensinou-lhe alguns preceitos de como controlar a mente. Os anos de 1901 a 1903 e.v. foram dedicados ao trabalho de controlar a mente, através da Yoga.
Durante o inverno de 1905-6 ele estava viajando através da China. Chegara à fase da conquista da mente, e sua própria desmoronara. Viu que a mente humana é por natureza não unidade e sim dualidade. A verdade é relativa. Todas as coisas terminam em mistério. Em tais frases os filósofos do passado formularam uma proposição, anunciando a bancarrota intelectual que ele, como maior franqueza, descreve como insanidade. Passando por isto, ele retornou como uma criancinha, e alcançando a Unidade além da mente descobriu o propósito de sua vida formulado nestas palavras: a obtenção do Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião.
O capitão Fuller, narrando como foi A Grande Revelação, a Aparição de A Besta 666, escreve:
“…veremos que a Grande Fraternidade Branca, preparou Frater P. sutilmente, por mais de dois anos de treino em racionalismo e indiferentismo, para receber a mensagem d’Eles. Eles executaram tão bem seu trabalho que ele recusou a mensagem por cinco anos mais, a despeito de muitas estranhas provas da verdade dela. Veremos até que Fra. P. teve que ser despido de si mesmo antes de poder transmitir a verdade com eficiência.”
O LIBER AL
O próprio Aleister Crowley escreve sobre o Liber AL (o Livro da Lei):
“(Por tais motivos) estou certo, eu a Besta, cujo número é Seiscentos e Sessenta e Seis, de que este terceiro capítulo do Livro da Lei é nada menos que a autêntica Palavra, a Palavra do Aeon, a Verdade sobre a Natureza nesta época e sobre o planeta. Eu o escrevi, odiando-o e escarnecendo dele, secretamente alegre de que eu poderia utilizá-lo para me revoltar contra esta Tarefa terribilíssima que os Deuses atiraram sobre os meus ombros: a Cruz deles de aço em brasa, que devo carregar até o meu Calvário, o lugar do crânio, para lá ser desembaraçado de seu peso, apenas para que possa ser crucificado sobre ela…
“…Eu, entre todos os homens sobre a Terra reputado como o mais poderoso em Magia, por meus inimigos mais que por meus amigos, tentei perder este Livro, esquecê-lo, desafiá-lo, criticá-lo, escapar dele, durante quase dezesseis anos: o Livro me mantém no curso que estabelece, assim como a Montanha de Pedra Imã atrai os navios, ou como Helius por laços invisíveis controla seus planetas; sim, ou como BABALON aperta entre suas coxas a Grande Besta Selvagem em que ela cavalga!”
As circunstâncias. Aleister Crowley conta como foram as circunstâncias em que ele recebeu o tripartido Livro da Lei:
“O Capítulo I foi escrito entre Meio-Dia e Treze Horas de 8 de abril de 1904.
“O Capítulo II foi escrito entre Meio-Dia e Treze Horas de 9 de abril de 1904.
“O Capítulo III foi escrito entre Meio-Dia e Treze Horas de 10 de abril de 1904.”
Em seguida vai uma reprodução lacunosa da descrição, pelo próprio Crowley, das circunstâncias em que ele recebeu o Livro da Lei, trechos cortados e ajuntados livremente:
“A cidade foi o Cairo, no Egito. Há uma ‘Praça’ onde quatro ou cinco ruas se cruzam; é perto do Museu de Boulak, mas bastante longe do Shepherd.”
As pessoas:
“Eu, idade 28 anos e meio. …Adeptus Major da A:.A:., cansado de misticismo e desapontado com a Magia. Um racionalista, budista, agnóstico, anticlerical, antimoral, Tory e Jacobita. (…) Moralidade - sexualmente viril e apaixonado. (Em seguida vários dados sobre sua personalidade, suas escalações de montanha e sua carreira como mago e cabalista). Meu casamento foi um ininterrupto deboche sexual até a escritura do Livro da Lei.”
Sobre Rose Edith Kelly, sua esposa:
“Não lera coisa alguma, nem sequer romances. Era um milagre de perfeição como Ideal Poético, Amante, Esposa, Mãe, Dona de Casa, Enfermeira e Camarada.
“Nosso mordomo, Hassan ou Hamid, esqueço qual.”
Aleister Crowley termina:
“Outrossim, não lidamos com ninguém no Cairo a não ser os nativos; ocasionalmente convivemos com um gerenal Dickson, convertido ao Islam; mercadores de tapetes, proxenetas, joalheiros e gente assim.”
Os eventos conduzido à Escritura são narrados de modo conciso e incompreensível para o profano:
“Tentei mostrar os Silfos a Rose. Ela estava em um estado de aturdimento, estúpida, possivelmente embriagada; possivelmente histérica com a gravidez.
“A sete de abril de 1904, foi-me ordenado (através de Rose) que entrasse no “templo” exatamente ao meio-dia nos três dias seguintes e escrevesse o que ouvisse durante uma hora, nem mais nem menos. (…)
“Os três dias foram similares, a não ser no último quando fiquei nervoso, pensando que talvez não fosse capaz de ouvir a voz de Aiwass.
“A voz de Aiwass veio aparentemente sobre meu ombro esquerdo do canto mais longe da sala. Parecia ecoar em meu coração físico de uma maneira estranha, difícil de descrever.
“A voz era de timbre profundo, musical e expressiva, seus tons solenes, voluptuosos, ternos, ardentes, ou o que fosse apropriado às mudanças de humor nas mensagens. A pronúncia inglesa era sem sotaque quer nativo ou estrangeiro; completamente sem maneirismos provincianos ou de casta; assim surpreendente, e até incrível, ao ser ouvida pela primeira vez.
“Não mudes sequer o estilo de uma letra,” no texto - comenta Aleister Crowley -, “impediu que eu Crowley ficasse o livro inteiro e estragasse tudo.”
E Crowley conclui:
“As Palavras de Aiwass deve apresentar uma perfeita descrição do Universo como Necessário, Inteligível, Auto-subsistente, Integral, Absoluto e Imanente. Deve satisfazer a todas as intuições, explicar todos os enigmas, e harmonizar todos os conflitos. Deve revelar a Realidade, reconciliar a Razão com a Relatividade; e, dissolvendo não só todas as antipatias na apreciação da Aptidão, deve assegurar a aquiescência de toda faculdade humana na perfeição de sua aproposidade plenária.
“Libertando-nos de toda restrição quanto ao Direito, a Palavra de Aiwass deve estender seu império alistando a lealdade de todo homem e toda mulher que puser sua verdade à prova.”
O TERCEIRO PERÍODO
“Nesta revelação está a base do presente Aeon. Dentro do registro da História já tivemos o período pagão: a adoração da Natureza, de Ísis, da Mãe, do Passado; o período cristão: adoração do Homem, de Osíris, do Presente. O primeiro período foi simples, quieto, fácil e agradável; o material ignorava o espiritual. O segundo foi de sofrimento e morte; o espiritual se esforçava por ignorar o material. O cristianismo e todas as religiões análogas adoravam a morte, glorificavam o sofrimento, endeusaram cadáveres. O novo Aeon é a adoração do espiritual unido ao material: de Hórus, da Criança, do Futuro.
“Ísis foi liberdade; Osíris servidão; a nova Liberdade é a de Hórus. Osíris conquistou Ísis porque ela não o compreendia. Hórus vinga tanto seu Pai quanto sua Mãe. Esta criança Hórus é um gêmeo, dois em um. Hórus e Harpócrates são um, e são também um com Seth ou Apófis, o destruidor de Osíris. É pela destruição do princípio da morte que eles nascem. O estabelecimento deste novo Aeon, deste novo princípio fundamental, é a grande obra agora a ser executada no mundo.”
A IDENTIDADE NA DIVERSIDADE
Crowley afirma que a Vida, como nós a conhecemos, é cheia de sofrimentos:
“Todo homem é um criminoso condenado que simplesmente desconhece a data da sua execução e procura, consequentemente, fazer todo o possível para prorrogar a data de sua sentença. Deve sacrificar alguma coisa, se deseja que a sentença seja revertida.”
A queda das religiões não tem sua origem na falta de promessas, mas, pelo contrário, na ausência da demonstração de verdadeira segurança. Esta segurança é individual e só pode ser conquistada com a produção do “genius” em cada um. E o direito de toda estrela, ou seja, todo homem e toda mulher.
Frater Perdurabo, após estudar todas as práticas religiosas do mundo, demonstrou a Identidade na diversidade de tudo, e formulou um método. A idéia primordial deste método é que o Infinito, o Absoluto, Deus ou como quer que seja chamado, está sempre presente, porém velado ou mascarado pelos pensamentos da nossa mente.
A Grande Fraternidade Branca (A:.A:.) é uma organização cujos cabeças têm alcançado por experiência o pico desta ciência. Eles encontraram um sistema pelo qual todos podem igualmente alcançar, com rapidez e facilidade, o que anteriormente foi impossível.
Este sistema é acessível a todos através da Ordem de Thelema, corpo maçônico organizado de homens e mulheres, que vivem de conformidade com suas próprias Vontades, as quais são únicas, portanto coerentes com a vontade universal.
A O.T.O. é uma sociedade secreta. Ela aceita mulheres e homens de qualquer raça e trabalha como um clube, um sindicato e uma religião, tudo ao mesmo tempo. O nome é latim, assim: Ordo Templi Orientis. Em português isto se lê: Ordem do Templo do Oriente.